terça-feira, 27 de abril de 2010

Dizeres.


Então é assim.

A mão no interruptor.

O arco, a flecha, a dor.

Os dizeres, os seres.

Todos os quereres.

Num Agosto longo

de lábios rachados.

Um leve desmaio

de olhos, soslaio.

Todos sentados

na praça, tecendo

epitáfios para depois

de amanhã, amanhã.

Inverossímil fato.



sábado, 17 de abril de 2010


Eis aqui meus livros,


nessas letras que não foram


por minha mão escritas, saberá


de mim, tanto e quanto.


Meus dias inglórios, minhas


melancolias tibetanas, meu riso parco.


Saberá de mim em cada linha frisada, ou


passada despercebida, aleatoriamente.


A crença insana de sempre querer sorrir


e chorar, a vontade de não me levantar,


nas manhãs com a garganta fechada.


Tantos sois e luas num pequeno céu.


Maneiras de se livrar da tentação.


Nesses livros que te trago, trago a


viagem preparada...


Tanta palavrinha!


Ora, quem sabe precisasse de lupa!


Tantos outonos e suas folhas, formigas


nos tacos gastos do quarto...


Trago-te o silêncio mais bonito.


Aquele que antecede as coisas imperiosas.