Eu continuo escrevendo.
Dedos , mãos.
Essa chuva cinza.
Os dias de sol.
Os olhares, todas as coisas não ditas.
A turbulência, os sons.
E os reflexos de minha janela de vidro.
A insensatez.
O olhar do meu filho.
A enxurrada vermelha, o vento...
Todas as parabólicas, as parábolas.
Os poemas de outrem.
A alegria simples de ser e estar.
A leveza de não ter bagagem.
A ânsia.
Todos os gestos atemporais e seus sinais.
Meus amigos e suas linhas.
Toda cor em preto e branco.
Todos os livros e seus perfumes guardados!
Toda palavra, garganta.
Toda fotografia não revelada.
Toda lembrança futura e passada.
Eu continuo escrevendo, com a caneta do tempo.
Um livro sem final.