Estalo.
Não sei se calo, ou falo.
Andei por entre a campina fechada,
o mato me encobria, eu nem existia!
Andei com braços abertos e olhos fechados.
Sangrei um pouco, arranhões na pele, derme, epiderme.
A dor era boa, era como voltar a sentir, ressuscitar.
Estalo.
Pisei em folhas secas, secas ao sol!
Bicho dissecado!
Qual foi meu pecado?
Qual a cor do sol ao se pôr?
Qual a cor da noite ao cair, na bruma...
Qual a cor da dor, do amargor, qual seu sabor?
Dormi num casa sem teto, e estrelas me vigiavam;
dançavam no céu, balé noturno!
Era um sonho, sonhei que era a noite, e não quis acordar!
Mas raiou a manhã; continuei meu caminho na campina,
no fulgor dourado do dia que me empurrava, continuo sangrando.
Hemodiálise de vida, transplante de sensações; não tenho medo
de nada, o nada sou eu, bendito vazio!
Renasci; cinzas que deixaram escrita a minha história!
Um comentário:
É maravilhoso quando sincronizamos os estalos, interno e externo, natural e emocional...E o recarregar que gera é absolutamente generoso e sem julgamento...Fica a seiva nova. Linda primeira parte e quanto a continuar sangrando...Só mortos estancam perfeitamente.
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