...Em mim vêem o que querem.
O que não sou, e o que gostariam que eu fosse.
Vêem atalhos para estradas que não escolhi, e estradas que não passam por mim!
Vêem pleonasmos, delicadezas, sutilezas.
Vêem sempre o que gostariam de ver em si próprios.
Em mim vêem o que querem.
Armadura, fortaleza, desdém.
Vêem com olhos distorcidos, com óculos escuros!
Me vêem como a louca da aldeia, a estranha de plantão!
Em mim vêem ouvidos pacientes e frases que apaziguam;
mas injetam-me seringas de ironia, desaferrolham meu ser, transformam meu espírito em coisa vadia!
E sempre tentam me transformar em nada.
Mas sempre se esquecem; que o nada é algo sem medida, sem tamanho, sem começo nem fim!
O nada é uma palavra não inventada, sem verbete, sem tradução...
Em mim vêem o que querem, e que conseguem:
Nada.
3 comentários:
vim, vi e gostei! :)
vc é boa nisso!
depois tenho algumas considerações a fazer. nada demais. talvez seja até imbecilidade minha, mas... é isso.
gabriel
Eles visualizam ou tentam impôr uma representação de si mesmos, do nada tentando avançar sobre ser.
Mas o ser sem mantem por si mesmo.
Excelente.
É melhor fingir se ingênuo, burro ou calhorda. Ou inocênte demais ou vazio demais para ver o outro. Porque ninguém, mas ninguém quer pagar o preço de conhecer realmente o outro e estar irremediavelmente comprometido com uma escolha.
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