sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Meio-fio.

...Eu pensei em dizer algumas coisas.
Como um bêbado palpitante quer dizer coisas.
Como se a língua atropelasse o cérebro,
queria dizer coisas como Raul, que também
pode ser luar, dependendo de como se lê.
Coisas além do sentido, e sem sentido.
Coisas muito sentidas, absurdas!

Coisas que deixei de dizer aquela noite...
Ou aquele dia, no meio fio da vida,
quando a enxurrada trazia filtros vazios
de cigarros evaporados...

Coisas que esclarecessem dúvidas
coisas que criasse olhos atentos, coisas ao
ouvido do mundo!

Coisas caídas pelo chão, como folhas vagas
apenas por serem folhas, e nunca por serem vagas...
Faltou um minuto para mim, aquele em que se sibila
o veneno das palavras, a ânsia que precede o floreio
do tom, faltou o som!

Então, em mãos inexatas, veio a exata vocalização
do momento, as frases , os acentos.
Toda a gramática sempre tão desnecessária...
Eu escrevi.

domingo, 8 de novembro de 2009

...Eu pensei em escrever alguns poemas.
Sem simetria.
Uma bicicleta azul vinha...
Estradas com um longo fim!
Flores coloridas e alguma aridez baldia.
Eu pensei, em coisas e em coisas que eu não fazia.
Pensei em fazer poemas, alegorias.
Uma bicicleta azul vinha.
De uma época antiga.
A umidade se impregnava nas vias!
Folhas secas e alturas.
O certo e o errado, não eram a questão.
Viver o que o momento pedia...
Eu pensei em escrever sinais,
alinhados em uma reta torta.
Passei uma vida imaginando significados...
Obviamente eu não via!
A vida seguiu, apesar e com todas
as coisas.
Eu pensei:
È o certo.





Foto Josias Santos.