terça-feira, 29 de janeiro de 2008

...

Distraio-me...
Sem saber se a palavra usada é certa.
Distraio-me
Olhando nuvens, que se movem velozes!
A olhar verticalmente a chuva e suas contas
Distraio-me;
Sem nada falar.
Autismo por opção, sem dor.
A dor é aço, corta , sangra
fio de navalha.
Distraio-me.
Esperando Março, águas que virão...
Distraio-me agora, ouvindo Baleiro
Minha obscesão é pequena, ínfima.
Traio-me.
Nem tenho bandeira, mas carrego a distração,
a ação de trair-me.
Distraio-me
A roubar fotos em preto e branco
antigas, remotas...
Distraio-me a procurar sabores...
Sem saber se a palavra usada é certa!
Mas um riso (rio), de cristal invadiu-me;
Abriu-me as comportas como um mar vazado.
O som do rio (riso)...Água doce, desceu-me pela garganta;
o rio riso.
Traio-me com o riso;
Distraio-me com o rio.
Meu filho Samuel.
O amor é pequeno, como pode?
Distraio-me, sem saber se a palavra usada é certa,
mas com certeza é essa!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Matutino...ou Matuto com Tino!

Segue abaixo um texto de meu impuro amigo!
Desperta-te presto, poeta.De que vale este aconchego?O dia começa cedo,Apruma este corpo, desperta!Abre esta boca, boceja;Sacode a cabeça, espreguiçaE apaga esta vela mortiçaQue insiste em queimar sobre a mesa.Importa, se em noite passadaSonhaste mil agonias?Afoga essas Musas sombriasNo jorro de tua mijada.Gira o eixo da torneira.Coloca as mãos debaixo d’água.Com o sabão esfrega, lavaDa tua face esta olheira.Mas veja! – esboça-se um sorrisoPelos teus mais ditosos dias.Foste feliz e quereriasSempre habitar o Paraíso?É tão patético o que tu sentesQuerer de volta o que há perdido!Esquece, pois, o que tem sidoEnquanto escovas os teus dentes.E como é pequeno o teu casebreTu chegas presto à cozinha.No tanque a louça que se apinhaPode esperar hora mais breve.Faz o café e toma um trago.Descerra a porta da varanda.Eis que o jardim jaz em cirandaE tu acendes teu cigarro.E enquanto o sol recria as coresFicas por lá a fazer pirraçaCobrindo as flores de fumaçaPois já não tens graça d’amores.Atenta – amargurado estetaD’alma lanhada e sofridaAo pôr-se o sonho de tua vidaApruma este corpo e desperta!Thiago Pimenta, 2007

Considere as ações...


...Outro dia ao blogar, falava de um amigo que se mudou para beira-mar.Até dissse que postaria algum texto dele aqui pelo motivo desse ex gameta ser muito bom para elaborar frases e textos.
Agora ele está de volta ao intimista e montanhoso lar mineiro. Andamos trocando algumas idéias, quer dizer, andamos discordando sobre idéias!
Mas na boa.
Finalmente ele decidiu criar seu blog, depois de muita insistência e um talento enorme guardado em folhas amareladas ou arquivado em pastas infinitas em sua cabeça.
Fiquei feliz ao saber, pois estávamos on line quando surgiu o embrião.
Somos amigos; completamente desiguais, dispáres e disformes... Mas nascemos como o mesmo dom(?), ou talvez deva dizer estigma; molhar a pena no tinteiro, mesmo que o resultado seja borrado.
A diversidade é santa!
Certamente ele postará um texto por dia...
Com lirismo, por vezes irônico , se bem o conheço, dinamismo e opiniões extremamente pessoais e verdadeiras(?).
Postará porque gosta de escrever; e necessita e talvez porque seja a única paixão que ele não renegue.
Como diria ele; todos já fomos puros um dia, mas por bem pouco tempo... Depois a impureza se impregna, mas talvez seja melhor assim, ser puro dá muito trabalho...!
Mas quem sabe enxergar o que está sempre escondido, seja um tipo de pureza, alvura!
Na verdade toda pureza é vício; sendo assim todo vício é puro!