sábado, 27 de outubro de 2007

Janelas.


...Vejo.

Através dessa janela

Suave cortinas

retinas.

O passar da vida.

Vigia.

Como numa cela

clausura.

O balançar das folhas

como um assopro

assobio.

Cabelo arrepia
como um beijo na nuca...
Vejo
através dessa janela
manhã sombria
Vejo.
Através da alma transparente;
que canta.
Para ela não existe cela, clausura!
Por isso canta.
Não sabe de mim!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Decompondo-se...




Abro os braços no espaço,
Membros soltos, oscilando ao sol.
Abro o espaço com os braços,
Solto o sol oscila.
Vejo; com olhos que não são meus,
Sinto na retina o sabor do vento,
Oscilo ao vento, conto o tempo.
Pouco falta para o mergulho final,
Sinto a música no limbo do meu ouvido.
Sonatas, acordes, concertos atemporais!
Desfaço-me ao som.
Desfaço-me como terra queimada pela lava.
Queimaduras profundas!
O que resta, oscila.
O que nasce; permanece!

Promessa.

Ela gosta de gato
ela gosta de cão
ela gosta de mato.


Ela disse que viria.
Adivinha!
Tão séria.
Disse : "Eu vou."
Como quem diz; vou ao mercado.


Ela mora tão longe!
Se esconde.
Mas sempre a acho, caço.
Conheço suas omoplatas.


Num dia, depois de uma noite de chuva;
eu a encontrarei.
No mato, na serra.
Nua em pêlo.
Molhada em gotas.
Eu sei.


Mas, ela mora tão longe!
Não sei como virá.
Mas sei que virá.
È suficiente, suportável, sufocante.


Ela, que gosta de mato,
que gosta de vento,
passará rajada por mim.
Silenciosa...


Por isso espero.
Ela disse que vinha.
E adivinha?
Acreditei.