domingo, 30 de maio de 2010

Domingueira.


Gostaria de deixar alguns frisos aqui.

Nem mesmo sei direito o efeito disso.

Parei um momento para visualizar meu

pensamento. Penso em coisas longínquas...

Uma manilha rabiscada de carvão, foguetes

num dia doze de Outubro, um velocípede

bem antigo, cacos de louça quebrados pelo

quintal...

Numa tarde brusca e escura, tempestade.

As telhas do quarto quebradas, e a chuva vazada...

Uma paixão por elementos, um pé de laranja lima,

uma longa escadaria conduzia.Eu não sabia que

havia além. Além de minha alergia à inúmeros

tecidos e sintéticos da vida, além de minha sempre

estrepolia, além de minha cicatriz na sombracelha.

Eu parei de perceber todas as coisas; no momento

em que todas as coisas se aperceberam de mim.

Uma permuta sem nenhum consentimento. Foto: Gabriel Andrade.


Tá bom.

Tinha uma pedra no caminho.

Meu amigo poeta, eram tantas pedras...

Nem te conto.

Era muita obra de arte a ser modelada!

Pequenos, eram eu e o martelo.

Mas como era enorme a teimosia!

E veja só, meu amigo de tristeza e herança,

não houve uma que não tenha se tornado grão!

Grão para ser semeado em tanta aridez macia!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Bilhete.


Nesse dia tosco, busco olhar além.

Paredes entre montanhas.

As aves soltas, olhares baldios e tristes.

As coisas soltas e baldias.

Pensei criar um novo movimento.

Uma rebelião.

Pensei em descer além do patamar

das coisas que não entendo.

Pasmaceira.

Buscar além do gole de um dia de vida.

Um porre de vida.

Olhei para aqueles lados com arestas,

desisti de aparar, de guardar. Minhas folhas

estão crescendo, num indo sem fim!

Pouco falta para alcançar um ponto sem volta.

Acho que no fundo, sinto imensa inveja !

Dessas coisas de olhar...

Dessas coisas concisas...

Dessas coisas fáceis...

De muitos caminhos.

Pasmaceira.

Essa inveja, ainda me mata!