Tá tudo confuso
fora de fuso
fora dos eixos
todo dia, a dor bate no peito
não quer saber se tem direito.
Alavanca as comportas; abre , fecha
desagua em qualquer lugar!
Pouco importa se não sou mar!
sábado, 24 de setembro de 2011
segunda-feira, 18 de julho de 2011
domingo, 17 de julho de 2011
O Bilhete.
Bilhetinho!?
E cravou em mim seu olhar de breu;
agora vazio e oblíquo.
Nervosamente, o pé agitava a poeira
do cimento, onde faltou o asfalto.
Eu continuava mudo.
Mas, como assim?
No bolso de sua carteira, escondido.
A raiva vazada.
Saiu em fúria pela rua.
Foi-se mesmo.
Minha carteira curiosa, no bolsinho
pequeno(o menor).
Um bilhetinho azul.
"O" bilhetinho.
Sem data, com letra de mulher.
Só consigo rir.
Datava na memória de cinco anos atrás, três
antes de conhecê-la...
Chutei o ar. Fui-me.
Congratulei-me pelo Dia do Homem.
sábado, 16 de julho de 2011
Leminskiando...
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Lucila, por ela mesma.
A mulher parou na calçada, e abriu seus olhos castanhos abstratos.
Olhos rasgados.
Lembrou-se por um momento de Caetano Veloso, que sempre a fazia
lembrar-se de exílio, Londres, caracois, cachecol e Roberto.
Olhou para os próprios pés, que nunca a levaram muito longe.
Lembrou-se da juventude, e de quantas vezes tentara obstinadamente
ir para a Austrália.
A Terra baixa e vermelha, marsupiais simpáticos.
A Terra que o mundo ficava em cima.
Pensou em como todas as coisas são abstratas.
Não consegue-se tocar nada!
Era estranho pensar em todas as possibilidades
que fora eliminando ao longo da vida.
Uma neblina ouropretana a envolvia de saudade.
Saudade de coisas atoas, fluidez e azul desbotado.
Sua terrível vulnerabilidade, sua asquerosa sensibilidade.
Mesmo ali na calçada, os paralelepípedos inutéis, o mesmo sol.
Ela sentia seus poros vivos, tangendo os sons e o suor.
Precisava atravessar a rua, pois era certo que seus cabelos
pegariam fogo, lá do outro lado, na sombra; ouviria o mar,
que a faria lembrar-se de Caetano, exílio e caracóis.
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