domingo, 30 de dezembro de 2007

O teu riso.

...Esse não é um poema meu, rsrsrs, logo verão!

Mas o postarei aqui por acha-l0 de uma beleza absoluta e simples, absoluto e simples como Neruda.



Tira-me o pão, se quiseres,tira-me o ar, mas não me tires o teu riso.Não me tires a rosa,a lança que desfolhas,a água que de súbito brota da tua alegria,a repentina onda de prata que em ti nasce.A minha luta é dura e regresso com os olhos cansados às vezes por ver que a terra não muda,mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me e abre-me todas as portas da vida.Meu amor, nos momentos mais escuros solta o teu riso e se de súbito vires que o meu sangue mancha as pedras da rua,ri, porque o teu riso será para as minhas mãos como uma espada fresca.À beira do mar, no outono,teu riso deve erguer sua cascata de espuma,e na primavera, amor,quero teu riso como a flor que esperava,a flor azul, a rosada minha pátria sonora.Ri-te da noite,do dia, da lua,ri-te das ruas tortas da ilha,ri-te deste grosseiro rapaz que te ama,mas quando abro os olhos e os fecho,quando meus passos vão,quando voltam meus passos,nega-me o pão, o ar,a luz, a primavera,mas nunca o teu riso,porque então morreria.Pablo Neruda

domingo, 16 de dezembro de 2007

Sensibilidade!


...Durante oito anos de minha vida, fiz um viagem diária, uma viagem pequena; quinze quilômetros entre duas pequenas cidades.
Por muitos anos a estrada foi de terra, esburracada, e em vários dias dos meses chuvosos, dávamos voltas por outras bandas e povoados, chegava-se tarde em casa.
Na verdade nunca me importei muito, exceto pelo cansaço de alguns dias...
Em oito anos, eu nunca me cansei de olhar pela janela do ônibus; fosse dia chuva, fosse dia sol. acho que é uma hábito de mineiro!
E todos os dias sempre via coisas novas, coisas que não vira no dia anterior; fosse uma garça, um ipê florindo, uma árvore de formato diferente, uma pequena lagoa que transbordou, infinitos pôres de sol de todas as cores imaginárias! Uma sariema certa vez, eucalipital longinquo, com o sol se derramando atrás; coisas que eram normais, mas eu sempre via, perseguia a linha da janela em cada quilômetro!
A foto acima, faz parte da estrada.
È um pequeno povoado que se aglomera dos lados da estrada; a foto é o ínicio da Moitinha; a esquerda de quem vem, a direita de quem vai (????)!
È uma casa pequena, um curral meio que caído, um quintal, como todo quintal de roça.
No dia em que vi essa foto ( verbo olhar), me deu vontade de chorar; pela tamanha beleza expressa nela, por esse céu atormetado, como fotografia de filme de Bergmam.
Como o céu de "O Morro dos Ventos Uivantes", quando do útimo e atormentado encontro de Redicliffe e Katy.
Passo ali todo dia, e todo dia meus olhos se enchem de água, por lembrar da fotografia, da magia do olhar, da simplicidade em se captar coisas tão únicas...ela me atormenta, mas juro, posso viver muito tempo ainda, e acho que não acharei nada que me comova tanto!
A foto é de um amigo, chama-se Gabriel.
Não pedi autorização para usa-la aqui, mas ao menos avisei que escreveria sobre ela.
Tenho que agradece-lo; o olhar é mesmo insano Gabriel! Ainda bem...!