sábado, 26 de junho de 2010

Herança.


Eu deixo pra depois.

O que eu não posso.

As coisas que não são

pra hoje.

Deixo pra depois

da letargia.

Deixo sequenciadas dentro

da pasta que guardo em mim.

Datilografadas numa folha amarela

com pequenos pássaros marrons.

Deixo minhas tempestades.

Meus raios solares que atravessam

janelas de vidro.

Minha perplexidade, e alguma mecha

do meu cabelo; para que se guarde a cor.

Eu deixo sorrisos soltos e talvez raros,

mas de grande verdade.

Eu deixo pra depois que se passem

as coisas que são necessárias.

Um veio que sempre corre molhando

a esperança, quando ela ameaça secar.

Deixo um par de tênis velho para tardes

de outono, e um olhar de cílios

longos, de onde saem toda luz que preciso!

È uma pasta pequena, mas onde cabem

todos os sonhos do mundo!

Um comentário:

Luciana disse...

Deixe o velho para trás.
Novas descorbetas.
o Presente ainda está aqui.
Desembrulhe, abra, comemore!
Abraços.
Carpe Diem