sexta-feira, 9 de maio de 2008


Sinestesia.
Sinta a poesia.
Anestesia, dormente alma sem calma.
Lapida a palavra bruta;
o olho que escuta.
Sinta.
Sentidos lidos.
No livro aberto , sem linhas, deserto!
Exista.
Na vida.
Persista na lida.
Ouvidos para ler, o que olhos vêem; o ser.
Ser a metade, siamês, grudado...
Sinta na pele o barulho do vento;
silêncio!
Abra o espaço infinito de ser.
O vento, o tempo.
Sinestesia.
Teça a teia, areia.
Cheia lua no céu, bola de meia.
Teça o fio, brilho.
Teça estrelas!
Cometas.
No seu da boca, o hálito de seu olhar.
Morda, veneno mordaz.
Morda voraz!

...Sempre no caminho das pedras.
Descalço, porque gosto da dor.
Porque anseio o torpor de sentir.
O ir e vir de todo dia.
Nuvens de algodão no céu, desenham
minha alma disforme, ou sempre de
alguma forma.
Eu vi muito cedo a dor de viver.
Mas eu a cumprimentei sorrindo!
Era um sorriso rasgado de quem vez por outra,
se abdica da loucura; alguém que procura a cura.
Eu mergulhei muito cedo nesse mar, sou um objeto
variável e inconstante, mutante, camaleônico.
Mas eu carrego em mim a ânsia, de buscar sempre
além dos jardins, de encontrar no ermo, o lugar.
Mesmo que seja meio do nada.
Mesmo que eu seja só palavras.
Quem consegue ver-me, me vê.
Mesmo com lacunas abertas,e essa
doce e estranha agonia, de sempre estar a um passo
de nada ter, mas sempre ver.
Mesmo com o olhar escondido, mesmo na diferença
do ser, eu procuro.
Sem óculos escuros.
Se é fardo, eu carrego.
Se é sina, eu assino.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Despropósito.

É de amargura
a dor tem cura;
na noite sem lua, estrelas sem mãe.

É de esquecimento.
escrevi seu nome no mar,
para que salgado me desse paladar;
onda veio levou embora seu sabor.

É de dentro da roda que fico tonta
mas bebo as cores dos vestidos
bêbada de luzes coloridas!

É de tanto, que se vê o pouco
pouco a pouco a razão perdeu o juízo;
quando se encontrou deixou de ser ela.

É de qualquer flor, o perfume no jardim,
então porque presentea-lo ao jasmim?
Mesmo longe serei lírio, serei delírio!
Encha de incertezas minha vida
pois saberei que não são certas!

Eu quero o cansaço, derreter-me.
Me cansei de ser aço!