terça-feira, 17 de julho de 2007

Estalo.


Estalo.

Não sei se calo, ou falo.

Andei por entre a campina fechada,

o mato me encobria, eu nem existia!

Andei com braços abertos e olhos fechados.

Sangrei um pouco, arranhões na pele, derme, epiderme.

A dor era boa, era como voltar a sentir, ressuscitar.

Estalo.

Pisei em folhas secas, secas ao sol!

Bicho dissecado!

Qual foi meu pecado?

Qual a cor do sol ao se pôr?

Qual a cor da noite ao cair, na bruma...

Qual a cor da dor, do amargor, qual seu sabor?

Dormi num casa sem teto, e estrelas me vigiavam;

dançavam no céu, balé noturno!

Era um sonho, sonhei que era a noite, e não quis acordar!

Mas raiou a manhã; continuei meu caminho na campina,

no fulgor dourado do dia que me empurrava, continuo sangrando.

Hemodiálise de vida, transplante de sensações; não tenho medo

de nada, o nada sou eu, bendito vazio!

Renasci; cinzas que deixaram escrita a minha história!


Um comentário:

Anônimo disse...

É maravilhoso quando sincronizamos os estalos, interno e externo, natural e emocional...E o recarregar que gera é absolutamente generoso e sem julgamento...Fica a seiva nova. Linda primeira parte e quanto a continuar sangrando...Só mortos estancam perfeitamente.