segunda-feira, 16 de abril de 2007

Interrogações infinitas...

...Eu não sei por que nasci.
Não sei minha missão no mundo, nem o destino que me espera antes da curva final.
Talvez por isso, tenha nascido errado; não foi minha cabeça que saíu primeiro, foi minha bunda, ou nádegas para não ofender a nenhum leitor.
Por certo relutei demais, porque já sabia pelo que passaria.
Sabia que desde muito cedo, estranharia a mim mesma.
E que por milhares de vezes, quando ainda criança, olharia minha imagem no espelho, como se o espelho não tivesse fundo, e via mil vezes a minha imagem, e perguntava:

-Quem é vcê?
Mas só o eco me respondia.
Porque sabia que teria mil perguntas a cada dia, e duas mil respostas para perguntas não feitas, e treis mil respostas que não me satisfariam.
Porque sabia que viveria olhando ao longe, vendo através do que tinha a frente, observando cada palavra dita pr boca alheia.
Como uma antena capitaria!
Porque sabia que quando entrasse numa livraria, seria como ir aos domingos numa sorveteria; eu os queria; não os sorvetes; os livros.
Escorregando de minhas mãos, derretendo no chão, sem saber escolher o sabor que leria.
Porque sabia que teria poucos amigos.
Àqueles que escolhemos como irmãos.
Àqueles que não nos olham estranhamente, como perguntando:
-Está esperando a nave?

Tenho alguns, poucos sim.
Mas são pessoas, e essa palavra é linda!
Aqueles que sempre perguntam:

-Como você está hoje?
Ou simplesmente sentam ao nosso lado, para que vejamos que estão ali.
Alguns doidos, alguns que pensam que são normais...
Sim, mas alguns eu tenho.
Não sei por que nasci.
Para encontrar algo que já está perdido?
Para crescer, ser mulher, usar vestido?
Para casar, ter filhos, ser maê, e sofrer a cada minuto ao olhar para meu rebento, temendo que ele se torne igual a mim?
Para ter sempre olhos que procuram e vagueiam à espera de algum sinal?
Para ter sempre que explicar a alguém que não se é triste, mas que também não se é feliz...Sou apenas vivente!
Ninguém entenderia!
Para ter prazer, ser hedonista?
Mesmo sabendo, sempre sabendo, que a vida é muito mais dor, do que qualquer outra coisa!

Talvez tenha nascido para isso; sempre questionar, sempre procurar, tentar não me amargurar.
Viver simplesmente.
Um dia após o outro; rindo, chorando, vendo a chuva...
Observar.
Para isso nasci!

4 comentários:

Anônimo disse...

Alguns nascem primeiro com a cabeça
Outros com a bunda
Existem os que tentam, mas não nascem
Os que não se dão ao trabalho de nascer
E existe aqueles que nascem todos dias ... todos os dias com o coração
Muitas vezes, eles não enxergam
Não sabem que nasceram

Eles são mestres
Maestros das palavras
Fomentadores dos sonhos

Eles podem nascer, morrer, renascer
Eles podem ir a qualquer lugar

Eles são donos do mundo
São eternos

Se eternizam através das palavras
E nunca deixam de cultivar sonhos

Obrigado Val!
Por suas palavras que germinam sonhos
Que brotam em lugares ermos, estéreis

E é por isso que você veio ao mundo
Para ser tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo
Para ladrilhar sonhos no caminho vazio dos céticos

A Poetisa Vall Duarte!

Saulo Rios disse...

Olá valéria.
Sou amigo do rodrigo
Seu blog ficou muito bacana mesmo.
Você já tem uma produção literária extensa.
O blog é uma tendência na internet que cada vez mais ganha adeptos e espaço na rede.
Parabéns

Unknown disse...

Nossa! Isso tem que ser muito bem arquivado, pra uma produção posterior. Vc já pensou em escrever livros. De histórias mesmo. talvez até para crianças.
Cada um nasce com um dom,ou mais. Aqui vc está mostrando um dos seus.
Parabéns! O blog ficou ótimo!

Thiago disse...

Ola Valeria, mto bacana seu blog, tbm o conheci através do Rodrigo. Realmente vc tem muita capacidade para escrever, até onde vc gostaria de ir? Acredito que vc seria capaz, se unisse ao seu maravilhoso talento a coragem para enfrentar os obstaculos e tivesse nos olhos algum sonho que a inspirasse. Vc eh realmente uma poetisa incrivel.
Parabéns!!!
Tudo de bom para vc.
Abraço